terça-feira, 25 de janeiro de 2011

domingo, 26 de julho de 2009

Estética do Frio


Antes até de começar, peço perdão pelo furto do termo do fantástico músico Vitor Ramil. Peço desculpas, também, pelo fato de que, a cada dia que passa, minhas ocupações na direção de arte me fazem enferrujar a tão querida gramática (sim, eu gosto de gramática. Só desprezo professores que não a saibam ensinar).

A partir do final da primavera, um desejo bate forte no meu coração: Volta inverno! Eu, assim como muitos outros, amo o frio incondicionalemente, por mais que ele seja desconfortável em algumas ocasiões. Ouvindo a entrevista de Vitor Ramil sobre como nasceu o conceitdo de "estética do frio" (e eu recomendo e a procurem conhecer) me encheu de alegria o fato de ter nascido aqui. Os outlanders criticam, muitas vezes, o nosso orgulho gaúcho. Chamam-nos de prepotentes, exibidos e etc. Pode ser. Pode ser que sejamos repetitivos, pode ser que sejamos exagerados na expressividade, mas só quem nasceu aqui sabe o que é sentir efervescer o peito ao chamar esse pedaço de chão de pátria. Só quem é apaixonado por essa terra sabe o que é ter os olhos marejados ao entoar o Hino do Estado, sentindo cada pêlo* do corpo se arrepiar.
Poucos conhecem o sabor de, num dia frio, sentar em volta de uma fogueira com uma cuia de chimarrão nas mãos, ou uma garrafa de boa cachaça da serra, assar uma carne gorda e cantar as músicas que falam sobre planícies, aventuras a cavalo, guerras lutadas com bravura, ou, simplesmente, sobre o sentimento que esse clima traz. Ouvir os dedilhados de violão e os floreios de gaita, e a voz afinada de um gaudério cantando as glórias e belezas desse estado. Alegra o meu coração saber que, a cada lugar diferente que eu conhecer, verei a singularidade dessa cultura entranhada em outras microculturas, afinal, cada pedaço de chão tem suas histórias e raízes. E, àqueles que torcem o nariz ao povo gaúcho, faltou experimentar a hospitalidade e generosidade desta gente. Aos que vierem e se cansarem da repetitividade com que expressamos o nosso orgulho, peço que fiquem mais. Fiquem até que entendam o porquê desse sentimento tão profundo. Aos curiosos, que pesquisem, que se informem, afinal, se um povo não se cansa de, a cada oportunidade, gritar a quem puder ouvir "Ah, eu sou gaúcho!", é por algum motivo.
Não estou aqui desprezando as outras culturas brasileiras, muito menos julgando que a minha seja superior. Estou aqui a louvar a beleza de saber apreciar essas minúcias que o lugar onde vivo me apresenta, e implorando de pés juntos ao caro leitor, que, se não tens essa percepção, busque-as, porque não há palavras para exteriorizar o sentimento de patriotismo. Eu amo esse lugar que chamamos de querência. Meus olhos marejam sabendo que, a cada momento, desde o dia em que nasci até o fim da minha vida, eu posso encher o peito, abrir o sorriso e dizer: Eu sou gaúcho.


P.S.: Acabei me enrolando e não me expressando da forma que desejava. No próximo surto de inspiração, farei outro falando sobre o assunto :]

Deixo-vos, também, um vídeo de Dante Ramon Ledesma. Que ele sirva de gancho para que mais seja conhecido sobre esta terra.





*Me nego a não usar acento diferencial ¬¬

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Uma Fuga, Uma Carta




Texto do aluno Guilherme Barbacovi Libardi para a cadeira de Português para Comunicação I da Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS. Aproveitem :)


Ana,

Sei que você e nossa família devem estar muito preocupados comigo, perguntando-se onde estou e o que houve comigo. Bem, não sei ao certo como tudo isso começou, mas o que sei é que ao chegar ao lugar onde hoje estou, eu pude me encontrar, enxergar meu verdadeiro eu. A fim de diminuir a angústia de vocês sobre que fim levei, vou esclarecer tudo sobre minha trajetória até aqui.

Logo que cheguei, fui levado ao hospício por policiais. Lá, me contaram que eu estava correndo em círculos cantando músicas do Bob Marley ainda por cima. Também me disseram que eu entrava em lojas derrubando produtos das prateleiras. A verdade é que eu não recordo de nada disso. A única coisa da qual eu lembro foi acordar num hospício.

Lá, todos, incluindo os enfermeiros e enfermeiras, notaram que eu não era totalmente louco. Foi aí que me encaminharam para a psiquiatra do hospício. Contei a ela tudo sobre minha vida. Contei que trabalhava com criação e edição de imagens para peças publicitárias, que tinha uma namorada da qual eu sentia uma falta sem tamanho, e contei também sobre a criação que nosso pai nos dera; das vezes que ele batia em nossa mãe, e das vezes que ele abusava de você na minha frente, ameaçando me trancar em um quarto escuro caso eu contasse a alguém o que via. Falei a ela também sobre meus gostos inusitados, e dos meus lapsos frequentes de memória. Comentei sobre alguns dos meus amigos, e que nenhum se comparava a Marcelo quando se tratava de confiança, e que por essa razão eu confiei a ele um segredo: eu me drogava. Havia prometido a mim mesmo que não levaria aquilo por muito tempo, que eu só havia experimentado para conhecer o cheiro, o sabor... mas logo me viciei; e aí não teve mais volta. Percebi que eu estava me afundando. Não tinha mais dinheiro para pagar pelas drogas e, se eu não parasse, eles me matariam. Este foi o principal motivo da minha fuga: sair dessa cidade, fugir desses caras e dessa vida confusa e transtornada que eu levava aí.

Após contar tudo isso à psiquiatra, ela concluiu que eu sofria de uma patologia incomum, rara de ser diagnosticada, chamada múltipla personalidade. Estariam explicados, portanto, os meus lapsos de memória, meus surtos, meus gostos inusitados e, muitas vezes, até contraditórios. Iniciei um tratamento há alguns meses e, segundo a médica, estou pronto para recomeçar. Consegui um emprego em uma agência grande, de respeito. Estou morando em um apartamento alugado, desta vez sem a lembrança dos gritos de nossa mãe e de nosso pai ecoando pelos aposentos. Estou pronto a dar início a uma nova vida aqui. Por mais que doa, nunca mais quero volta a São Paulo. Avise apenas a nossa mãe, Marcelo e Carmem sobre onde estou. Não avise nada ao nosso pai, por mim.

Enfim, aguardo todos vocês aqui em casa para uma visita. Sinto falta realmente de todos nossos momentos juntos, mas não me arrependo do que fiz.

Beijos e abraços

Théo

P.S.: Diga à Carmem que eu aguardo a visita dela, porém, se ela não quiser vir, eu entenderei.

Rua Manoel Bordin, 37A, Porto Alegre.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Pandemônio!


Seguindo a proposta da professora Claudia Presser Sepé, professora de Português para a Comunicação na Universidade do Vale do Rio dos Sinos, aqui vai o primeiro da série de textos produzidos em aula. Aqueles alunos que tiverem interesse em ter o seu texto publicado aqui, eu o farei com o maior prazer, contanto que ele tenha qualidade, claro.
Este aqui foi produzido pelo aluno Claudio Renato Azevedo Filho. Sem mais delongas, boa leitura.
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- Cachaça! Cachaça! Cachaça!

Foi só o que pude gritar quando vi que a hecatombe estava para acontecer.

Cachaça tinha a “profissão” de mendigo não fazia muito tempo. Antes, ele era meu irmão. Ufa! Não gosto de falar nisso que fico lembrando nosso tempo de guri. Lembro que era divertida a sua ingenuidade:

- Pedro! Vem ver filme com o mano.

- Tá mano! Já vou! Que filme que é?

- Aquele do Piracicaba Pastadô!

- Que tu desenhou pra mim?

- Sim, aquele animal que o mano desenhou pra ti...

Eu inventava tudo que se podia imaginar para brincar com ele, afinal, esse é o papel do irmão mais velho. Não é mesmo?

É engraçado, sempre me sentia como pai dele. Talvez por ter chagado dez anos antes neste mundo, talvez por instinto, mas, seguidamente, me sentia pai dele. Certamente foi por isso que sofri tanto quando ele se perdeu.

Quando Pedro tinha 5 anos, já dava pra notar sua impulsividade. Era esquentado e, como minha avó dizia: Muito bardoso (baldoso)!

De outro lado, por mais fértil que possa ser minha imaginação, jamais pensaria que meu pequeno irmão fosse virar um traste humano! Um gambá de boteco! Como dizem meus amigos:

- Vi teu irmão ontem.

- Não tenho irmão!

- Tá, vi o Pedro Cachaça.

- Onde?

- Não te interessa, tu não tens irmão...

- Cala essa boca poetinha de merda! Fala logo!

- Na escadaria da igreja, ali no centro, igual um mendigo.

- Chega! Não diz mais nada!

- Tu que perguntou! Porra!!!

Realmente aquilo era difícil para mim. Por isso, penso eu, não conseguia falar com ele desde a copa de 90. Lá se vão longos 8 anos.

Não que fosse de grande valia minha profissão, motorista de ônibus. Digna, e é isso que me sustenta pra seguir adiante. Por dirigir muito, sempre fui cuidadoso no trânsito. Já vi muita coisa feia pelas ruas dessa cidade.

Naquele autêntico sábado de sol... BUM!!! BEING!!!BOUFT!!! ...

- Afasta essa gente! Afasta essa gente!

- Polícia! Sai fora! Sai! Sai! Sai!....

- Quebra a porta! Arranca a porta fora pelo amor de Deus!

- Não tá dando!

- Fogo!

- Não dá pra ver! A fumaça tapou tudo! Onde?

- Ali ó!

- E o cara que ficou no meio?

- Caralho, esse já era! Vamos salva os outros!

- Jesus amado! Vai morrer todo mundo nessa merda!....

Não lembro do acidente que ocorreu comigo, só lembro que estava pensando na vida. Sei as coisas que me contam. Dizem que ainda gritei: Cachaça! Cachaça! Cachaça!

Mas não lembro.

O Nicanor, o Poeta, viu tudo. Diz ele que eu vinha pela João Correa com meu “Centralão”, quando a Scania carregada de frango atravessou na minha frente. Justa, ou, injustamente na hora que meu Pedrinho estava atravessando a rua.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Medo ou esperança?

Uma coisa está clara: estamos na era das adaptações no cinema. Os últimos dois - Star Trek e Wolverine Origens - deixam bem claro que, o fato de que algo é muito com como animação, HQ ou livro, não quer dizer que fique bom na tela. Wolverine foi uma grande decepção para os fans que achavam que, finalmente, X-men vinha para explodir cabeças. Não explodiu, murchou. Porém, graças ao bom Odin, J. J. Abrams tirou o gosto ruim da boca com o remake de Star Trek. Mesmo não sendo profundo conhecedor da série, me emocionei, arrepiei, aplaudi... tudo que eu espero que um filme me faça sentir. Bom, acho que me estendi demais na introdução, porque, o que eu realmente queria informar é que estamos prestes a ver uma adaptação que, sinceramente, me dá medo. Vem aí o filme de Avatar. Eu não gosto de anime. O único que consegui ver até o final até gora foi Samurai X. Já me disseram que existem alguns outros bons, mas não tenho a menor vontade. Prefiro infinitamente as séries. De Avatar, eu vi alguns episódios, e não posso dizer que não há qualidade. Como amante fiel do cinema, espero ansioso por mais este remake. Avatar tem potencial. A direção é de M. Night Shyamalan (Sexto Sentido, Fim dos Tempos) e será estrelado por Noah Ringer de 12 anos. Noah é conhecido por uma série de DVDs amplamente divulgada na qual ele aparece demonstrando técnics de Tae Kwon Do, arte em que o pequeno ator ostenta a faixa preta. Dev Petel de "Quem Quer Ser Milionário" também está na franquia interpretando Zuco, o dobrador de Fogo. Acredito que eu tenha me estendido demais no texto, mas, quem liga? Bom, talvez alguém realmente leia isso ^^
Obrigado.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Who watches the Wachmen?


Talvez poucas pessoas conheçam o maravilhoso HQ Watchmen. Escrito pelo gênio Alan Moore, a série em quadrinhos (graphic novel) com 12 edições está às vésperas de ganhar sua versão para cinema. Justo, já que esta parece ser a década das adaptações de resivtinhas para as telonas. Bueno, vamos ao que interessa. Para divulgar o filme, a equipe de marketing criou o fabuloso tablóide fictício The New Frontiersman que apresentou essa semana mais um vídeo viral de apresentação de Watchmen. Para os que não conehcem, vale a pena conhecer antes que saia o blockbuster que tem estréia marcada para Março de 2009. Fica aí o vídeo de propaganda que trata da lei Keene, lei que propõe a caçada aos heróis mascarados, e, em seguida, o trailer da adaptação de Watchmen. Bom proveito. Comentem!




terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Qual é a música?


Quem nunca ouviu uma música e pensou: "hm, isso me lembra alguma outra música"? O QD responde: Provavelmente ela lembra várias outras. Em música, existem algumas seqüencias sonoras (chamadas de progressões harmônicas) que têm afinidade entre si, ou seja, são agradáveis ao ouvido. Algumas delas são mais simples e acabam caindo no gosto dos compositores que acabam usando-as alterando apenas melodia e ritmo. E é por isso que, às vezes, ouvimos uma música e ela nos faz pensar em outra. A questão é que isso acontece muito mais do que podemos perceber. Neste vídeo, o autor interpreta várias canções - talvez não tão conhecidas para a maioria das pessas, como eu - usando uma progressão harmônica em comum. O resultado é um, de certa forma, diverto medley, muito agradável, de trechos musicais nos quais os autores abusam da mesma série de acordes.
Agradecimentos a Thomas Miller.